Benjamin Graham, em seu livro “O Investidor Inteligente”, nos conta o seguinte sobre mercado financeiro: “O investidor inteligente percebe que as ações se tornam mais arriscadas, e não menos, à medida que seus preços sobem; e menos arriscadas, e não mais, à medida que seus preços descem. O investidor inteligente teme um mercado altista, uma vez que ele torna as ações mais caras para a compra. E, ao contrário, considera o mercado de baixa como uma oportunidade, uma vez que recoloca o preço das ações em níveis atraentes”.
Levando isso em consideração, vejo que o caso da companhia Multilaser (MLAS3) se encontra em uma situação especulativa com grau considerável de investimento.
Especulativa, porque ela é uma empresa nova no mercado de capital aberto (realizou seu IPO em julho de 2021), e faz parte de uma indústria (Equipamentos e Instrumentos Eletrônicos) que possui uma concorrência gigantesca, principalmente vindos do mercado internacional. Sem contar que esta indústria vive em constantes mudanças, sempre desenvolvendo novos produtos e tecnologias. No entanto, encontra-se em posição boa de investimento, pois MLAS3 é a única empresa brasileira de seu setor que passa por critérios rigorosos de avaliação.
Como Benjamin Graham bem nos lembra, “graças ao declínio nos preços das ações, é um momento bastante seguro e salutar, para construir riqueza”, considero sempre como primeiro critério o preço da ação, em que tem de estar ao menos 50% abaixo de seu topo histórico.
MLAS3 possui seu topo histórico em R$ 12,967 (linha vermelha do gráfico). Ou seja, tem de estar abaixo de R$ 6,483 (linha amarela do gráfico).
Em seguida, devemos prestar atenção quanto ao seu valor intrínseco (calculado em função do LPA e VPA da companhia). Para o preço ser considerado atraente, entendo que o preço atual de compra da ação deve estar 50% ou mais abaixo de seu valor intrínseco.
MLAS3 tem um valor intrínseco fixado em R$ 10,26 (linha branca do gráfico), já que seu LPA (Lucro por Ação) é de 0,92 e o seu VPA (Valor Patrimonial por Ação) é de 5,09. Sendo assim, a cotação tem de estar abaixo de R$ 5,13 (linha verde do gráfico).
Como outros dois critérios de avaliação, a empresa em estudo tem de estar com seu P/VPA (Preço por Valor Patrimonial da Ação) abaixo de 1,5; bem como, P/L (Preço sobre Lucro) abaixo de 15,00.
MLAS3, está com P/VPA igual a 0,96 e P/L igual a 5,33. Logo, cumpre com estes critérios avaliados.
Destaco, ainda, que só considero companhias que possuem perenidade acima de 30 anos. A empresa Multilaser foi fundada em 1987, possuindo, pois, 35 anos de existência, o que cumpre com este critério.
Posteriormente, devemos prestar atenção em critérios de qualidade e quantidade contábeis da companhia, somado ao seu balanço patrimonial. A empresa deve possuir uma condição suficientemente forte, um histórico consistente de pagamento de dividendos e estabilidade nos lucros.
MLAS3 possui uma condição financeira suficientemente forte, já que possui seu ativo circulante (R$ 5.704.262.000,00) maior do que seu passivo circulante (R$ 2.047.668.000,00); da mesma forma que possui seu patrimônio líquido (R$ 4.008.678.000,00) maior do que seu passivo não circulante (R$ 623.041.000,00).
MLAS3 também possui estabilidade de lucros, pois tem apresentado lucro líquido constante desde 2018.
E, quanto ao seu histórico de dividendos, devemos lembrar que as ações da Multilaser começaram a ser negociadas na bolsa de valores em 2021, tendo registrado seu primeiro pagamento de rendimentos em maio de 2022. Dessa forma, para cumprimento deste critério a companhia deve continuar a repassar seus lucros para os acionistas nos anos seguintes.
Quanto à análise gráfica, o preço segue em tendência de queda, em que se observa uma “Cunha Ascendente de Baixa”, tendo rompido a linha inferior na semana do dia 03 de janeiro de 2022, para, em seguida, passar por uma “Bandeira de Baixa”, com rompimento, também da linha inferior, na semana do dia 11 de abril, com projeção em R$ 2,60 (linha azul do gráfico).
A Média Móvel Simples confirma todo o movimento da tendência de baixa. E o Índice de Força Relativa (IFR), segue tentando sair de sua posição de sobrevenda, agora utilizando-se da sua média como suporte. Mas, nos mostra a dificuldade que tem de passar dos 36,89 pontos, indicando continuidade da tendência de baixa.
Portanto, levando em consideração que MLAS3 passa por todos esses critérios técnicos de avaliação, entendo que ela se encontra em boa posição de investimento para o longo prazo, devendo salientar que, para isto, a companhia precisa manter os seus fundamentos ao longo do tempo, bem como nós, como investidores, devemos aproveitar o período de baixa para comprar uma fatia de uma empresa lucrativa por preços atraentes.
“O verdadeiro investidor raramente é forçado a vender suas ações e está livre, grosso modo, para desconsiderar a cotação atual. Ele precisa prestar atenção no preço e levá-lo em consideração em suas atividades na medida em que isso interessa a ele, e não mais. Portanto, o investidor que se deixa influenciar pela massa ou se preocupar sem razão com o efeito de quedas de mercado injustificadas sobre sua carteira, está transformando, de forma perversa, sua vantagem básica em uma desvantagem básica. Esse indivíduo estaria, então, em uma melhor situação se suas ações não fossem cotadas em bolsa, pois seria poupado da angústia causada pelos erros de avaliação de outras pessoas.” (Benjamin Graham)
Lembrando que esta análise não é indicação de compra, muito menos sugere indicação de investimento. Ela apenas reflete o resultado de um estudo crítico da bolsa de valores frente aos princípios aprendidos até aqui e interpretação de critérios de avaliação de companhias listadas em bolsa.
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